CIÚME
O vento rasga teu peito Numa corrida frenética Rio acima. Lâminas de brisa Cortam-te a pele. Voas sobre as águas Como se elas fossem tuas. ............................ Na margem O coração dói E sinto uma imensa inveja Do rio, do vento, De tudo em pensamento.
SOLIDÃO
Aqui sentada, Olho os quadros e os pratos Simetricamente colocados. Então enraiveço o meu ser Que se enche de doce fúria Contra minha casa cheia e vazia. Contra mim, que espero calada e fria Que chegue o que não chega, Que venha a força que não vem...
MORTE
Já morri E nem deste por isso Deixei de respirar E não te sobrou ar na sala Meu coração deixou de bater E teus ouvidos continuam mergulhados no silêncio Meu corpo arrefeceu E não sentiste a alma cada vez mais fria Morri E nem deste por isso Na cama da imaginação Tudo arrefeceu E o canto que era nosso Agora está frio... E é só meu.
Amanhã Acorda-me cedo Tenho de ir... No fio da minha vida Continuo a deslizar E sinto-o cada vez mais estreito. (p. 61)
|