Maria Olívia da Costa CARDOSO  
 

 

Apesar de me deitar e levantar todos os dias comigo, não sei quem sou. Não sei se estou em mim, ou se vagueio nos possíveis outros que pensam que nos conhecem quando passamos palavras para o papel. Não sei se sinto o que escrevo, ou se escrevo o que sinto. A poesia não é para eu sentir ou explicar. Mesmo sem saber é para o leitor que escrevo. A verdade não está no que escrevo, mas no que as pessoas lêem – e todos lêem diferente, ainda bem! Falar de mim não sei, porque não me conheço. Conheço sensações, emoções, conheço a força e energia do Yn e do Yang, mas ainda não consegui equilibrar essas energias/forças, e se alguém pensa que o conseguiu está em plenitude. Se alguém acredita nesse equilíbrio não deve ler mais poesia. Para mim a poesia é desequilibrada e desequilibra quem entra nela. Porque escrevo? Porque preciso de me comunicar sem falar.