poesia vianense no último quartel do séc. XX (1974-2000) (A)

de: Alberto Antunes de ABREU

   
           
     
Excertos

“O outro dos carmina compô-lo, [Castro Gil], em 1987 para celebrar o cinquentenário da Academia Portuguesa de História. É também uma ode clássica com estrofes de quatro versos decassilábicos sáficos, sendo o quarto quebrado ( na quarta sílaba). Aí, também à maneira clássica, cristalizou as entidades ideais em simbologemas, tais como lugares da topografia clássica(Olimpo, Pindo, Píero, Hélicon) e os deuses e as musas (Minerva/Palas, Apolo/Febo e Clio, a musa da História, em destaque) e tão simbólicos, que o ablativo absoluto Pallade et Musis […]  patronis é traduzido por sob a bênção [sic] de Minerva e o patrocínio das Musas” (p.77)





“É uma colectânea de poesias [Postais de Viana de Antº Manuel Couto Viana] de assunto geográfico com um toque historiográfico, até com notas eruditas (22 páginas de notas!). Mas é verdadeira poesia lírica, porque é o poeta, um poeta de lira amadurecida, que se nos revela a partir do que vai dizendo sobre a terra onde viveu a infância e a juventude. Logo o primeiro «postal», narcisisticamente, é o das «Casas do Doutor» onde o poeta nasceu e que descreve com um prosaísmo tal, que logo nos vem à ideia o lirismo sentido de Cesário. Leia-se este excerto da última estrofe e atente-se na disforia, tão recorrente em Couto Viana:


A fachada, ontem ocre, hoje brilha de branco
E, sem perder nobreza e austeridade,
Abre as portas à sucursal dum banco.


O segundo postal é dum vira que começa de modo tão denotativo que até esclarece que a lavradeira «Traja à Maneira da Meadela», mas que acaba por definir o par dançante com uma mestria poética, que parece de versos em bronze:


E este moço que é seu par,
Com ombros largos, cinta estreita,
andou no campo a trabalhar.
……………………………………………….


E em torno delça, como o galo
Que entorna a asa em raso adejo,
Seu corpo oscila, no embalo
Feito de música e desejo.” (p.122)


 


 


 


“Logo nos primeiros poemas [de Limites da Razão], Adelaide Graça dá início ao macrotexto autobiográfico que constitui o livro. Começa exprimindo um mundo de felicidade que transborda, com amores realizados, de início ainda esperançosamente juvenis, lânguidos ou firmes, conjugados com líricas recordações da infância. Depois vem o presente onde esses amores resultam, afinal, em agradáveis ou nostálgicas recordações, fingimento poético ou sonho.” (p. 149)

 
 
     
Voltar