poesia vianense no último quartel do séc. XX (1974-2000) (A)

de: Alberto Antunes de ABREU

   
           
     
Prefácio
 

Da poesia vianense já se fizeram pelo menos duas antologias, com critérios diversos. A primeira pretendia abranger todos os poetas, desde que tivessem publicado um mínimo de 60 páginas. A segunda apresentou um critério temático ( poesia de amor, e verifico com aplauso que o conceito de amor e do respectivo objecto é bastante alargado e abrangente) e não quantitativo. Por isso,  muitos autores nela consignados não têm obra em livro publicada neste período de 25 anos, e outros nem são naturais ou habitualmente residentes em Viana do Castelo, e são estas razões, independentemente da qualidade da sua poesia, que nalguns casos é notável, que os colocam fora do âmbito deste estudo.


O pronunciamento militar de 25 de Abril de 1974 interceptou de euforia todas as camadas da população vianense, aí incluídos naturalmente os seus escritores. Mas da alegria dos acontecimentos esperava-se uma maior ressonância. De facto, de 14 de Maio a 31 de Dezembro de 1974, A Aurora do Lima, jornal local onde escreveram tantos resistentes, um dos quais o seu próprio proprietário, não publicou sobre isto quatro dezenas de poemas, e contou dois números especiais – o das Festas da Agonia (16 de Agosto) me o do Natal (20 de Dezembro). E alguns dos publicados eram até resistentes estrangeiros, como Samora Machel, António Jacinto e Agostinho Neto, os de Alfredo Reguengo eram textos que estavam na “gaveta” e vieram a ser publicados nos Poemas da Resistência; outros eram inéditos ou poemas recusados pela censura de Manuel Baptista da Silva, Mário Marinheiro ( José Agostinho da Conceição) e Alfredo Reguengo, e de havia muito “engavetados” também. Produziram propositadamente para o jornal ,celebrar a efeméride, apenas Reguengo, RACFER, Lucilo Valdez, Fernando Castro e Sousa, Zé Luís (José Luís Carvalhido da Ponte), José Cunha, Xico Guerra e – esperança das esperanças – alguns alunos das escolas. Mas foi esperança que por aqui se ficou. Vamos ver, nas páginas seguintes, quão pequeno foi, a prazo, o reflexo de todos estes problemas e vivências na obra dos poetas vianenses, nos 26 anos que vão de 1974 a 2000.


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Alberto A. Abreu

Badanas
 
Contra capa
 

 

 
 
     
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