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Maria Humberto Duarte Trigo Bordalo Morais

 

Nasci na velhinha cidade de Lamego, a 11 de Abril de 1961. Dizia-se, há muito tempo, que aí se teriam realizado as primeiras cortes portuguesas. Porém, se tal afirmação não possuía veracidade histórica, é certo que pelo burgo do castelo, local onde residi durante vários anos, passaram D. Afonso Henriques e D. Egas Moniz, cuja casa se situava a alguns quilómetros da cidade, na vizinha vila de Britiande.

Em Lamego iniciei o meu percurso escolar. Frequentei o Colégio da Imaculada Conceição, durante toda a escolaridade obrigatória, transitando depois para o Colégio de Lamego, tutelado por monges beneditinos. Por opção, ao concluir os estudos secundários, matriculei-me no curso de Educadores de Infância, na Escola do Magistério Primário de Lamego, tendo exercido a profissão de Educadora de Infância durante seis anos.

Entretanto, decidi candidatar-me ao ensino superior e na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa concluí a licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas/ Estudos Portugueses. Carinhosamente, apelidámos a nossa faculdade de “Trem Auto”, pois anteriormente o espaço que então ocupávamos tinha sido um quartel da região militar de Lisboa. Aí, fui discípula de nomes como Eduardo Prado Coelho, Ana Hartely, Henriqueta Costa Campos, João Rocha Pinto, Maria Augusta Lima Cruz, os já saudosos José Ribeiro da Fonte e Mário António. Fui colega do Rui Zink, embora este estivesse já mais adiantado. Na época, mostrava já a sua irreverência.

Finda a licenciatura, exerci a docência, primeiramente na Escola Secundária da Sé (Lamego); depois, dei um salto por dois anos até à Madeira, acabando por fazer estágio na Escola Secundária Jaime Moniz, no Funchal. Nesses anos, fui mãe pela primeira vez, de um rapaz, o André.

Regressei ao continente e fiquei mais dois anos em Lamego, na Escola Secundária de Latino Coelho. No primeiro ano, nasceu o meu segundo filho, Pedro António; fui orientadora de estágio de Português de alunos da UTAD e resolvi fixar-me no verde Minho.

Há catorze anos que permaneço por aqui. O Minho enfeitiçou-me desde a primeira vez que o visitei, tinha dezassete anos. Recordo que, na altura, profetizei que, nem que demorasse muito tempo, havia de vir viver para a cidade. A sua localização entre a montanha e o mar, o arraial minhoto na quinta de Santoinho, o monte de Santa Luzia, as praias, as gentes cativaram-me. E a profecia cumpriu-se, passados mais de treze anos.

Em Viana, já leccionei em quatro escolas: Carteado Mena (Darque), Frei Bartolomeu dos Mártires, Colégio do Minho (em acumulação) e desde há nove anos e até à reforma (conquanto ainda faltem uns anos largos), Secundária de Monserrate. Também aqui deixo uma “semente”, tal como aconteceu no Funchal e em Lamego: o meu terceiro filho, o João.

Gosto de ler (sobretudo romancistas e novelistas portugueses do século XIX – Camilo, Eça, Alexandre Herculano, Almeida Garrett – e contemporâneos como José Saramago, Lídia Jorge, Lobo Antunes. Dan Brown tem sido uma das minhas opções, assim como Juliet Marillier, Joanne Harris e Umberto Eco – ou não fosse meu homónimo. Também li toda a saga do pequeno feiticeiro que tanto tem entusiasmado o mundo inteiro. Na literatura infanto-juvenil, aprecio Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, Maria Alberta Meneres, Alice Vieira e os contos de Sophia de Mello Breyner Andresen), da pacatez da minha casa, de um passeio pela cidade com os meus filhos, de uma conversa amena e interessante, de música clássica, sobretudo barroca ou de qualquer um dos Strauss. Aprecio arte (pintura, escultura e arquitectura) e tenho paixão pela pré-história e pela antiguidade. Fascinam-me os dólmens, os castros e as citânias. Igualmente me seduz a robustez das fortificações e da arquitectura românica, a esbelteza do gótico, a imponência e sumptuosidade do barroco. A contemporaneidade artística raramente me atrai, excepto a fotografia. Tive a primeira máquina fotográfica aos sete anos e, desde então, captar as diferentes expressões que traduzem os múltiplos estados de alma foi algo que desde sempre me apaixonou.

Sinto-me realizada com a profissão que escolhi. Ser professor é cada vez mais um desafio.

Apenas desejo que os meus filhos cresçam saudavelmente em todos os aspectos e que um dia me tornem numa avozinha com muitas histórias para ler e contar.

Confio nos jovens e estou certa de que saberão pôr em prática todos os valores que lhes transmitimos.

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