NO VÃO DA AUSÊNCIA
Não basta o frio do Inverno para as fissuras mais sangrarem. Mas basta um frio que vem de nós para elas mais doerem. Talvez seja o sombrio do tempo E este frio despido que mais intensamente traz a tua ausência. A presença física instala-se no ar que se respira, em jeitos e carícias, em dizeres sufocados nas tantas vezes que nos cruzamos nos corredores e nas escadas de uma vida que já não é pequena. Depois … amamo-nos. Amamo-nos como selvagens, rimo-nos com o riso dos animais, abraçamo-nos no universo que nos cuida. Somos donos de um mundo num tempo que é sombrio.
E não basta o frio do Inverno nem o frio que vem de nós para as fissuras mais doerem! Basta que a tua presença se instale … no vão da ausência.
ROSAS DO AMOR
Encontrei-as nos colares e pulseiras dependuradas nas tendas ocasionais. Encontrei-as entremeadas com outras cores e outros colares nas tendas da Ilha mágica de La Toja. Dizem que quando se chora as rosas do amor mudam de cor mas se as lágrimas não forem de amor não podem as rosas mudar de cor!
Encontrei-as dependuradas e entremeadas com outras, muitas outras em colares e pulseiras de várias cores escorrendo lágrimas… rosas do amor.
ÉS TU
Corpo de homem em sorriso de menino. És tu.
Calo o teu nome na quietude dos meus voos. Chamo-te na maciez dos momentos onde u tempo se reproduz. Guardo o sussurro das palavras na íris marejada.
Um dia… quando o tempo fizer o gesto do momento soltarei o teu nome no ranger do chão e as palavras terão o paladar do desejo no sussurro dos sentidos. Sou eu. Em teu corpo de homem. És tu. Em meu corpo de mulher. Tu e eu: o mesmo corpo; o mesmo sorriso.
DIGO-TE, PORQUE TE AMO
(…)
Mas o belo, o apetecível está no mágico segredo das coisas e é este secreto poder, que mais parece dos deuses, que nos aproxima das montanhas e do enamoramento, sem nada pedir em troca. A chave dos segredos está aqui e tu, meu amigo, meu amor, sabe-lo tão bem quanto eu. Tens a chave, tens a incerteza. É hora de ires à descoberta do caminho.
Ah! Leva também uma foice para desbastares o emaranhado das silvas e quando sentires o sol e a lua pousarem em ti os primeiros acordes, sorri. Grita o sorriso.
E, antes que o papel deixe de ser pensante e audível, antes que partas para o conhecimento, digo-te:
- Sê feliz. Sem te preocupares com a duração da caminhada.
Digo-te, porque te amo. |