Quando Tudo Parece Parar

de: Adelaide GRAÇA

   
           
     
Excertos

RETALHO



Ainda… habito o meu sítio
onde me visto de retalhos.
Saboreio momentos
partilhados com alguém,
que não conheço.
Nem sei se quero conhecer!
Receio quebrar o encanto que ofusca
essa existência…
dos abraços e beijos
nunca dados
de carícias desejadas
de sonhos presos no imaginário!
Ainda… habito o meu sítio
onde me visto de retalhos
que cobrem os meus sonhos
partilhados com ninguém.


 


EM VÃO



A noite trouxe a magia
da lua cheia.
Ouviram-se gemidos de amor
que o mar arrastara
num abraço sôfrego. Sedento.
Sem promessas.
Já faz tanto tempo, que aquele mar
pertence ao meu olhar,
em busca dum amor naufragado.
As minhas mãos estendem-se
para lá do horizonte…
agarrando o encanto
que a lua deixara
num momento de luxúria!


 


EM JEITO DE BRINCAR



Para além das palavras
há o olhar.
Esse olhar… a transbordar
em jeito de brincar
no meio da multidão.
Eles não reparam.
Eles não entendem.
Eles não sentem.
Porque nunca tiveram
um olhar
para além das palavras
em jeito de brincar.
Esse olhar… a transbordar
sabedoria
em jeito de comunicar.
Não reparam.
Não entendem.
Não sentem.
Porque
nunca tiveram um olhar
para além das palavras
no meio da multidão
mesmo em jeito de brincar!


 


SABES, AMIGO!



Tenho como fundo uma canção maravilhosa, muito doce, do nosso tempo. Do outro tempo.
(…)
Sou uma amante do tempo. Do tempo com vida, por onde eu e tu passamos, onde nos encontramos com os outros, que como nós são passageiros do tempo. Sabes, um dos meus sofrimentos é sentir que o tempo não tem tempo para correr devagarinho. Eu sei que, como eu, gostarias que o tempo parasse um pouco. Talvez tivéssemos mais tempo… Talvez parássemos um pouco para pensar… Talvez nos encontrássemos mais… Talvez amássemos mais e melhor… Talvez olhássemos mais os outros… Talvez fizéssemos o que não fazemos…
Sabes, amigo, o tempo corre no seu ritmo natural. Sem pressas. Nós é que temos pressa de correr pelo tempo e passamos o tempo a jogar o esconde-esconde entre as desculpas e as hipóteses dos vários "talvez"...
(…)




 
 
     
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