RETALHO
Ainda… habito o meu sítio onde me visto de retalhos. Saboreio momentos partilhados com alguém, que não conheço. Nem sei se quero conhecer! Receio quebrar o encanto que ofusca essa existência… dos abraços e beijos nunca dados de carícias desejadas de sonhos presos no imaginário! Ainda… habito o meu sítio onde me visto de retalhos que cobrem os meus sonhos partilhados com ninguém.
EM VÃO
A noite trouxe a magia da lua cheia. Ouviram-se gemidos de amor que o mar arrastara num abraço sôfrego. Sedento. Sem promessas. Já faz tanto tempo, que aquele mar pertence ao meu olhar, em busca dum amor naufragado. As minhas mãos estendem-se para lá do horizonte… agarrando o encanto que a lua deixara num momento de luxúria!
EM JEITO DE BRINCAR
Para além das palavras há o olhar. Esse olhar… a transbordar em jeito de brincar no meio da multidão. Eles não reparam. Eles não entendem. Eles não sentem. Porque nunca tiveram um olhar para além das palavras em jeito de brincar. Esse olhar… a transbordar sabedoria em jeito de comunicar. Não reparam. Não entendem. Não sentem. Porque nunca tiveram um olhar para além das palavras no meio da multidão mesmo em jeito de brincar!
SABES, AMIGO!
Tenho como fundo uma canção maravilhosa, muito doce, do nosso tempo. Do outro tempo. (…) Sou uma amante do tempo. Do tempo com vida, por onde eu e tu passamos, onde nos encontramos com os outros, que como nós são passageiros do tempo. Sabes, um dos meus sofrimentos é sentir que o tempo não tem tempo para correr devagarinho. Eu sei que, como eu, gostarias que o tempo parasse um pouco. Talvez tivéssemos mais tempo… Talvez parássemos um pouco para pensar… Talvez nos encontrássemos mais… Talvez amássemos mais e melhor… Talvez olhássemos mais os outros… Talvez fizéssemos o que não fazemos… Sabes, amigo, o tempo corre no seu ritmo natural. Sem pressas. Nós é que temos pressa de correr pelo tempo e passamos o tempo a jogar o esconde-esconde entre as desculpas e as hipóteses dos vários "talvez"... (…)
|