Santos Padroeiros do Concelho de Caminha (Os)

de: Lourenço ALVES

   
           
     
Excertos

“SÃO MIGUEL DE AZEVEDO


 


HAGIOGRAFIA – É, juntamente com Gabriel e Rafael, um dos três arcanjos mencionados na Sagrada Escritura. Aparece na tradição bíblica como defensor do poder de Deus contra as potestades infernais. A Igreja primitiva considerava-o também protector dos cristãos nas tribulações da vida.


Depois foi entrando na tradição cristã como aquele que esmaga o diabo tentador (aparece, muitas vezes, na imaginária vestido de guerreiro dominando com a espada o demónio em forma de dragão), e aquele que conduz as almas para o Juiz Eterno (algumas vezes aparece na imaginária com uma balança na mão, na atitude de pesagem das almas – psicomaquia –, não sendo raros os casos em que num dos pratos se encontra uma figura humana nua e assexuada).


O seu culto nasceu, muito cedo, no Oriente, onde desalojou o culto de vários deuses pagãos: Mercúrio, deuses das águas termais, etc.


Geralmente, os primeiros templos consagrados a S. Miguel estavam situados no alto dos montes. No entanto, também aparecem nas planícies e no litoral.


Aqui, nesta região Entre Douro e Minho, vem a seguir a S. Martinho, como padroeiro das freguesias. A sua festa celebra-se no dia 29 de Setembro e anda relacionado com as colheitas (Cfr. O BISPO D. PEDRO E A ORGANIZAÇÃO DA DIOCESE DE BRAGA, P. Avelino de Jesus da Costa, in BIBLOS, XXXIII, pág. 468).


 


HISTÓRIA – Refere o Eng. João de Azevedo que, nesta minúscula freguesia, actualmente anexa à de Venade, existiram, pelos menos três antas e algumas esculturas rupestres.


Nos tempos históricos, a primeira referência a esta freguesia encontra-se numa doação desta ermida (naquele tempo não passava duma simples ermida) feita ao abade do mosteiro de Vitorino das Donas, antes de 1180, por D. Afonso Henriques (Cfr. Beneditine Lusitana, vol. II, pág. 134).


Nas Inquirições de D. Afonso III, em 1258, não se faz qualquer menção, no inquérito referente a S. Pedro de Varais, o que não nos permite afirmar que já estivesse integrada nesta freguesia, como vai suceder, em época posterior.


Só a partir do século XVII, com a extinção da paróquia de Varais, Azevedo se torna freguesia com personalidade jurídica.


Então, os seus habitantes lançam-se na construção da igreja que estaria na sequência duma capela de S. Tomé que um tal «Martim Anes, de Azevedo, ou Martinhanes d’Azevedo, que se supõe ser um dos indivíduos que vivia em 1513, construiu e que mais tarde, em visita feita a Azevedo, em 3/4/1621, o Arcebispo de Braga, D. Afonso Furtado de Mendonça, lhe deu o nome de “igreja de S. Miguel de Azevedo”, que é a actual, embora tenha sofrido obras com os tempos». (Eng. João d’Azevedo).


 


IGREJA PAROQUIAL – Apresenta planta rectangular bastante simples constituída por dois elementos – nave e capela-mor – unidos por um arco triunfal de meia volta apoiado em pés direitos. Do lado sul, adossaram-lhe uma dependência que serve de sacristia e de sala de arrumos.


A fachada ostenta porta rectangular, com um dintel levemente arqueado, sobrepujado por uma janela simples e um remate triangular, com uma cruz no vértice que se repete nas empenas do arco cruzeiro e da cabeceira. Nos ângulos do edifício vêem-se acroteras e do lado sul da fronte ergue-se um campanário simples com duas sineiras.


O interior da igreja ostenta um altar mor simples com as imagens de S. Miguel (0,72) e S. Tomé (0,65); no altar de topo do lado esquerdo, também muito simples, em talha, existem as imagens da Senhora de Fátima (0,88), Menino Jesus (0,25), Senhora do Rosário (1,10), esta do século XVIII, bastante boa. No altar de topo do lado direito, idêntico aos anteriores, estão as imagens do Coração de Jesus (1,00), Coração de Maria (0,70) bastante perfeita, Nossa Senhora (0,46) muito perfeita, do século XVIII.

Na parede da nave do lado sul, encontra-se o altar das almas, de pedra, barroco, bastante perfeito. No corpo exibe duas colunas torsas e no ático, lavores barrocos muito bem trabalhados. Além do painel das Almas em baixo relevo de granito, sustenta as imagens da Sra. das Dores (0,40), século XVIII, um crucifixo bastante perfeito (0,66). Num nicho a seguir, está a imagem de Santo António (0,50) e em mísulas, ao longo do muro, S. Sebastião (1,20), S. Francisco (0,45), S. João Baptista (0,25) bastante perfeita, barroca.”
 
 
     
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