Desnublar

de: Porfírio Pereira da SILVA

   
           
     
Excertos

FÁBULA MODERNA


Virtuosa vivia Viana no seu castelo,
Rainha de um povo, vielas e ruas.
Paraíso celeste, cenário entre flores,
Alegria e cor, turismo para senhores,
Esquecendo o canto das amarguras.


 


CAMALEÃO


Era tempo das secas e queimadas!
Terra batida, virgem, sem regar...
Marcado pelo castanho da poeira,
Das brechas faziam ratoeira,
Dos ideais por lavrar.


Assim era o camaleão envergonhado:
Verde, quando se proporcionavam belas caçadas;
Amarelo, no tórrido do deserto;
Vermelho, no luminar das queimadas;
Preto, quando nativo por perto.
Usavam dos vários recursos naturais
Para à face da lei animal sobreviverem...
Pintavam-se das várias cores,
Vestiam-se como senhores,
Mesmo sem as mesmas conhecerem.
Suas línguas compridas, brilhavam na caça!
Insectos indefesos, eram o seu triturar.
Quando ceifados pela maldade,
Pregavam na cor toda a verdade,
Suspirando na ilusão de enganar.


Naquele dia tinha feito uma morte!
Chorei ao vê-lo preto, enrolado no pneu...
Pensei na eventual destruição,
Só que na minha ilusão,
O camaleão não morreu.


E de facto, dali a um ano...
Outro camaleão lá estava.
Era o ciclo natural
Deste famoso animal
Que ao homem completava.

 
 
     
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