Fundação da Fábrica de Louça de Viana

de: António Matos REIS

   
           
     
Excertos

A FUNDAÇÃO DA FÁBRICA DE LOUÇA DE VIANA (1774) E AS EXPORTAÇÕES DE LOUÇA E DE BARRO ATRAVÉS DO PORTO DE VIANA DO CASTELO DE 1772 A 1785


 


“Quando se faz a história da Fábrica de Louça de Viana, que funcionou de 1774 a 1855, é usual explicar as sus origens, inserindo-a no conjunto das empresas, cujo nascimento se deve, pelo menos em grande parte, ao fomento industrial, que corresponde à segunda fase da política económica do despotismo esclarecido, com que o Marquês de Pombal procurou responder à crise que afectava o país desde 1768. A essa política se deve um alvará publicado em 1770, para estabelecer medidas de protecção para as fábricas de louça já instaladas ou que viessem a instalar-se no país. Das disposições proteccionistas consignadas no alvará constavam a proibição de importar louça estrangeira, com excepção da que fosse transportada da Índia ou da China em navios portugueses, e a concessão a toda a louça de fabrico nacional da isenção do pagamento de direitos de saída do país. Desta protecção beneficiou naturalmente a fábrica de louça de Viana do Castelo, entre muitas outras, já existentes ou então fundadas, sobretudo em Lisboa e no Porto, sinal de que este ramo industrial prosperava.


Outros factores contribuíram também para o aparecimento da fábrica de louça de Viana, e até para a sua localização.


A fábrica de cerâmica esmaltada de Viana do Castelo estava implantada no lugar do Cais Novo, da freguesia de Darque, na margem sul e muito próximo do leito do rio Lima, no ângulo sudoeste do cruzamento da via de acesso às instalações da seca do bacalhau com o caminho-de-ferro. Essa localização foi escolhida, naturalmente, porque de todas as possíveis era aquela que permitia o embarque mais fácil, para sair por mar ou rio acima, e não tinha o problema de atravessar este (a ponte ainda não existia) para chegar às diversas terras situadas na província do Minho a sul do rio Lima.


Outra das razões que contribuíram para o aparecimento da fábrica e sua localização foi a existência de matéria-prima: na proximidade existem barros de excelente qualidade – as argilas de Alvarães, e arredores, onde o caulino se encontra em elevado grau de pureza, mas até do que é requerido para tal espécie de louça.


Outro factor que contribuiu para a instalação da fábrica foi o conhecimento, por parte dos seus fundadores, das capacidades e apetências do mercado. Ali mesmo, no cais de Viana, embarcavam-se quantidades de louça provenientes de outros lugares do país, sobretudo para a Galiza, também se descobriam as potencialidades do mercado brasileiro.”

 
 
     
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