Regras da Ordem Militar de Avis e outros Documentos (As)

de: António Matos REIS

   
           
     
Excertos

"CONCLUSÃO


Durante quase dois séculos manteve-se inalterado nos aspectos essenciais o estatuto que regulava a ordem de Calatrava, em que se filiara a ordem de Évora, depois de transferida para Avis. Foram tempos rudes e heróicos, durante os quais se mostrava claro no horizonte o objectivo que presidira à criação da instituição e que, por conseguinte, marcava o seu espírito. Nascida para lutar contra os muçulmanos, reconquistando-lhes os territórios que haviam pertencido aos cristãos, povoando-os e defendendo-os com denodo, esta comunidades de cavaleiros selava o seu compromisso guerreiro com os votos religiosos e mantinha-o vivo com a prática das armas e a oração, a ascese e a obediência. Chegam tempos em que tal objectivo se esfuma, as preocupações de ordem material abafam o idealismo guerreiro, a fome de prestígio e de poder absorve a piedade e o desprendimento evangélico. as ordens militares tornam-se peças de um xadrez político cada vez mais confinado a si mesmo, e a administração do património material absorverá uma parte notável das suas energias humanas. A evolução dos tempos não se podia também compadecer com certos aspectos da forma de vida ou com a sobrevivência de sinais externos algo obsoletos perante os avanços da cultura e os progressos da técnica. As ordens militares perdem identidade, deixando de ter sentido os liames que as prendiam às congregações religiosas, assim como as disposições regulamentares que procuravam afastar os seus membros dos perigos do mundo, e entram num novo período, durante o qual se altera ainda mais o seu estilo de vida."

 
 
     
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