Entre uma espécie de introdução (antes de...) e um remate (depois de...)o corpo do livro inclui 53 textos servidos por ilustrações de Armando Abreu a iniciarem cada uma das suas sete partes: Senhor de Cronos; Imensa é a frustração; vamos rir; oh deus!; amor ao ocaso; fácil voar e re-mar adentro.
O tema da primeira sequência de textos é sempre o tempo que umas vezes o autor chama de 'tempo', outras de 'cronos' e o vai medindo ora através dos relógios orts das clepsidras. É um tempo irrecuperável, bem ao gosto dos clássicos, e por isso ao poeta apetece quebrar os relógios
Se eu pudesse
mandava quebrar todos os relógios
e decretava que o tempo parasse
e as clepsidras
Mas espero-te além das Horas
onde nos amaremos
quebradas todas as clepsidras
na mais ancestral ânsia de se tornar dono e senhor absoluto do Tempo. Em imensa é a frustração, Carvalhido da Ponte fala das (des)ilusões do momento, do vazio e do caos, do Nada e do Zero, da desordem social e da dúvida religiosa. Eis porque, se pudesse, quebraria os relógios. Mas há sempre esperança no sujeito lírico
posterior a tudo
e antes do fim
procuro em mim
Orfeu quase mudo
a esperança que trago
O livro termina com uma "bela série de poemas sobre a história nacional", no dizer de Alberto Abreu (A Poesia Vianense no último quartel do século XX)