Comenda de Santa Maria de Carreço

de: Lourenço ALVES

   
           
     

Lourenço Alves apresenta-nos, nesta obra, a monografia da Freguesia de que é pároco - Carreço.


Inicia o livro um prefácio do Presidente da Junta de Freguesia, ao tempo da publicação do mesmo, no qual são explicitados ao leitor os motivos da realização da presente monografia: a sua importância como documento de consulta e de conhecimento para todos os carrecenses e a concretização de um sonho de Joaquim Viana da Rocha.


Na introdução, Adelino Carvalhosa dá a conhecer os eventos culturais que são levados a cabo na freguesia, salientando alguns deles bem como pessoas ou entidades que os tornaram possíveis.


Refere, por fim, com base no índice da monografia, os aspectos que considera mais relevantes: a história da freguesia através dos tempos; a caracterização do habitat, o folclore e trajos de Carreço, as actividades laborais e figuras ligadas à freguesia.


Na Nota Explicativa, Lourenço Alves, antes de agradecer a todos quantos com ele colaboraram, incide sobretudo nos aspectoss que motivaram e possibilitaram a realização do seu estudo: o incentivo do Tenente Coronel Afonso do Paço aquando da estada em casa do autor (1966), a pesquisa documental que a partir de então encetou, assim como a iniciativa das Comissões de Festas da Senhora da Graça de publicar estudos que, mais ou menos singelamente, eram redigidos para virem a lume no seu "Boletim" .


Nas mais de duzentas páginas que se seguem, divididas por onze capítulos, são-nos fornecidos pormenores, em primeiro lugar, sobre a situação geográfica da freguesia e sua constituição, assim como sobre o clima.


Entrando no segundo capítulo, todo ele é preenchido com uma visão diacrónica da evolução da freguesia, desde a pré-história até à Segunda República. Detém o autor a análise dos vestígios arqueolígicos pré-históricos encontrados na zona (coups de poing, picos asturienteses, monumentos megalíticos que porventura poderiam ter existido), tendo em atenção a toponímia local, várias insculturas rupestres e os castros da Gandra e da "Croa". Segue para o período da romanização peninsular (sobre o qual afirma nada haver que ateste a importância dos romanos naquela zona, para além de um ou outro topónimo e da hipótese de por lá ter passado Décio Juno Bruto), logo seguido do da reconquista (sobre a presença de visigodos e suevos nada é assinalado; porém, a presença dos árabes, embora contestada por vários autores, poderia ter sido verídica).


Sobre a época medieval, salienta que já no século X havia documentos que mencionavam as vilas de HORI e KARREZO e nas Inquirições de Afonso III, em 1258, as mesmas tinham sido novamente referenciadas.


Já no século XVI, são mencionados o Tombo e a Comenda de Santa Maria de Carreço,com a demarcação dos limites desta.


Dois séculos mais tarde, os inquéritos paroquiais de 1758, fornecem dados interessantes sobre o número de fogos e de habitantes, e respectiva distirbuição pelos quatro lugares da freguesia.


Termina o capítulo uma visão geral sobre a freguesia nas duas Repúblicas, referenciando-se aspectos de natureza política e social.


O terceiro capítulo versa sobre o povoamento, incluindo dois quadros e um gráfico contendo as oscilações demográficas verificadas em Carreço.


Segue-se um novo capítulo dedicado à habitação, desde os abrigos pré-históricos até às habitações que são consideradas património da freguesia.


Entrando no domínio da etnografia e do folclore, Lourenço Alves aborda o vestuário tradicional da freguesia: os diversos trajes, desde o fato de ceifeira ao da mordoma, passando pelo de lavradeira.


O VI capítulo, denominado "Actividades extractivas", dá destaque à agricultura e às actividades rrelacionadas com o mar: pesca e apanha do sargaço.
As actividades industriais preenchem o capítulo seguinte. Nele são mencionadas as principais indústrias sediadas na freguesia, assim como as actividades de natureza artesanal.
Quanto aos "Serviços", capítulo VIII, são referenciados: o comércio; estradas e caminhos; os meios de transporte; o abaastecimento de água; o cemitério; a saúde e a assistência; os meios de comunicação social; os correios; o jornal local - "A Voz de Carreço"; a junta de freguesia, com a relação dos membros que fizeram parte da mesma desde 1910; a relação dos melhoramentos efectuados pela junta de freguesia entre 1986 e 1988: caminhos, aquisições, construções, saneamento básico, iluminação pública, património da freguesia, projectos, farmácia e outros; e a comissão fabriqueira.
À cultura e recreio é dedicado todo o nono capítulo que contém o historial da escola primária, do posto da telescola, da sociedade de instrução e recreio, das semanas culturais, dos boletins das festas, do coral da igreja, da escola de música, dos divertimentos, dos luarezes, da serração da velha e do rancho de Carreço e seu bailados tradicionais.
Também as figuras ilustres da terra, já falecidas, não só os que nasceram em Carreço, como também todos os que por qualquer vínculo se ligam à freguesia, assim como a toponímia local, são destacadas no X capítulo. A galeria é iniciada por Ruben Alfredo Andresen Leitão, seguindo-se-lhe o padre Domingos Afonso do Paço, Fernando Pires de Lima, Cidália Afonso da Silva, Silvestre da Costa Abreu,Mmanuel Enes Pereira e Manuel Fernandes Enes (o Trinta). No que concerne à toponímia, Lourenço Alves é de opinião que os topónimos da freguesia tanto derivam da configuração geográfica do terreno como de actividades humanas, de antigos proprietários, ou de monumentos funerários da pré-história e da história. Outros há ainda cujo significado se torna difícil de decifrar. A apresentação que é feita da toponímia local está dividida nos seguintes grupos: Lugares ao longo da praia de Norte para Sul; Nomes das Camboas; Penedos da Costa de Norte para Sul; Sítios da Veiga de Paçô; Sítios da Veiga de Carreço, do Monte da Gandra (farol) para Sul até Areosa; Sítios do Monte; Sítios do lugar de Paçô; Sítios do lugar de Carreço; Sítios do Monte da Gandra; e Sítios no Santo da Légua. Refere ainda outros topónimos identificados por Abel Viana em documentos como relações de bens, contratos de arrendamento, testamentos, doações, etc.
O XI e último capítulo, o mais extenso de todos, aborda assuntos de cariz religioso. Principia com um pormenorizado estudo da igreja paroquial, seu adro e confrarias, abundantemente ilustrado, o qual dá lugar ao historial das festas da freguesia em honra de São João e de S. Sebastião, incluindo o cortejo etnográfico. Relata ainda a lenda da Senhora da Graça, em duas versões e transcreve letra e partitura do hino em honra de Nossa Senhora sob esta invocação. As capelas de São Sebastião, com respectivo hino e oração de oferecimento, de São Paio, de São Pedro, do Senhor do Bonfim, do Bom Sucesso e da Senhora da Conceição, cuja descrição de cada uma é acompanhada de, pelo menos, uma imagem, preenchem as páginas seguintes. Seguem-se os cruzeiros: o da Igreja, o do Senhor do Bonfim, o de Paçô, o de São Sebastião, o de São Paio, o de São Pedro e a Cruz do Santo da Légua. Outra típica manifestação da religiosidade popular são as Alminhas. Lourenço Alves cita-as no fim do capítulo, não por as considerar como uma manifestação inferior da fé das pessoas, mas, talvez, para as destacar, dado a freguesia de Carreço possuir, espalhadas pelo seu território, seis exemplares: as Alminhas de São Bento, em Troviscoso; as do Panela, em Montedor; as do Senhor do Bonfim, em Troviscoso; as de São João, de São Roque e do Cigano, todas em Paçô.
Em jeito de apêndice e da autoria ddo Dr. Adelino Carvalhosa, uma biografia e colectânea de poemas do poeta cerrecense Francisco Pires Zinão.

Saliente-se que ilustram a obra, fotografias, desenhos sobre utensílios, objectos e insculturas pré-históricos e sobre apretrechos utilizados na pesca, mapas ( um do concelho de Viana do Castelo e outro urbanístico da freguesia de Carreço) e ainda os já mencionados gráficos e quadros sobre aspectos demográfcos.

 

 

 
 
     
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