Caminhos da História da Arte no Noroeste de Portugal

de: António Matos REIS

   
           
     
Prefácio
 

“A história da arte portuguesa será tanto melhor entendida quanto mais se clarificar o importante contributo dado, em vários momentos, pelas diversas escolas regionais. Como sucede em relação a outros sectores da história, os investigadores têm dedicado, nos últimos anos, uma atenção crescente a tal estudo. Nessa perspectiva, decidimos interrogar-nos acerca dos caminhos trilhados pela arte, e especialmente pela arquitectura, nos finais do século XVII e nas primeiras décadas do século XVIII, na província do Minho ou, mais concretamente, no espaço que então correspondia à arquidiocese de Braga e que teve na cidade desse nome e na de Viana os seus pólos mais activos. Braga era a cidade arquiepiscopal, a partir da qual os Arcebispos conduziam a vida religiosa do seu rebanho, estabelecendo regras, dando orientações, impondo obras e exercendo um eficaz mecenatismo. Viana, mercê da importância que adquiriu no desenrolar das guerras da Restauração, tornou-se o centro coordenador das acções militares do extremo norte de Portugal e, em sequência, da planificação e controle das obras públicas, realçando-se o papel insubstituível dos engenheiros militares, pela sua formação e superioridade técnica, referência obrigatória na edilícia civil e religiosa. Durante as guerras da Restauração (1640 – 1668), todos os esforços humanos e financeiros foram absorvidos pela defesa da integridade das fronteiras e, através delas, da independência do estado. A realização do tratado de paz com a Espanha, a seguir a um período em que tudo se faz para concluir as fortalezas inacabadas, para reparar os danos que as acções bélicas tinham causado e para actualizar os quartéis militares, permitirá que as atenções e os recursos económicos se disponibilizem para a execução de outros trabalhos, como os de regularização hidráulica ou de logística portuária. Os ânimos serão favoráveis à realização de obras que exprimem gratidão a Deus e aos Santos, celebram e desejam garantir o seu patrocínio ou criam as melhores condições de espaço para o sereno desenvolvimento da vida religiosa conventual. Reformam-se e constroem-se conventos, igrejas e capelas por toda a arquidiocese. Em casos excepcionais, as obras foram exigidas pelas alterações relacionadas com a construção ou o alargamento das fortificações, mas, em geral, foram requeridas quer pelo crescimento do número daqueles que, espontaneamente ou não, se sentiram impelidos a abraçar a vida religiosa, no caso dos conventos, quer pelo incremento das manifestações exteriores de piedade. A dupla vertente eclesiástica, de nível diocesano ou não, e civil, de ascendência militar – contribuirá para definir os caminhos seguidos pela arquitectura, no noroeste de Portugal, no ocaso do século XVII e nas primeiras décadas do século XVIII."

Badanas
 
Contra capa
 

 

 
 
     
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