Jorge de Sena escreveu, um dia, em diáspora:« Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso./É possível, tudo é possível, que ele seja/aquele que eu desejo para vós.Um simples mundo,/onde tudo tenha apenas a dificuldade que advém/ de nada haver que não seja simples e natural./Um mundo em que tudo seja permitido,/conforme o vosso gosto, o vosso anseio, o vosso prazer,/o vosso respeito pelos outros, o respeito dos outros/por vós./E é possível que não seja isto, nem seja sequer isto/ o que vos interesse para viver. Tudo é possível,/e ainda quando lutemos, como devemos lutar,/ por quanto nos pareça a liberdade e a justiça,/ ou mais que qualquer delas uma fiel/dedicação à honra de estar vivio.»
(...)
«Na Poética dos Lugares» não me pertence. è partilha de múltiplos espaços; ideias, vivências, cores e aromas, que se entrecruzam no universo dos afectos. Viagens! Quanta viagem por realizar ao nosso lado!...Olhares! Essência de existências já vividas e por viver, no imaginário de cada ser!...será roteiro? Só o Leitor poderá responder, como pode sentir, ver e ouvir a Natureza, os espaços rurais, urbanos e suburbanos, no intímo do seu ser! As arvóres, raízes de um lugar, anseios de liberdade! Fantasia, as giestas e os cardos a sorrir em sítios ermos. Opulência, sem-abrigo: o ruído no silêncio das cidades. Comércio, Indústria, serviços, gente dinâmica e gente oprimida; gaivotas nos rochedos, sulcos na terra, golfinhos do mar...Ou o musgo, batido pelo vento e pelo frío, a dialogar com as crianças devolvidas ao ceú antes do tempo. Enquanto a Mãe entoa uma canção de embalar e o Pai oferece uma flor aos que querem sonhar!...
(...)
A Vida é a luz que viaja, não é lume; aroma, luar, triteza, caminho de aprendizagem...Guarda, no frasquinho de perfume, a magia de Criança! pode ser que um gesto terno, ou uma brisa desencontrada na convergência cósmica do desassossego, ilumine a nossa Alma...à Ancorensis Cooperativa de Ensino, o meu abraço! Ao Leitor Amigo, céu azul na madrugada!E ao Leitor que não conheci-durante ou após a minha passagem_ uma flor da cor do luar, cultivada com carinho na varanda do meu olhar!Até sempre!...
Francisco José Carneiro Fernandes
Viana do Castelo, 22 de Maio de 2009 |