COBAIA POLÍTICA
A noite desceumolengonanesta África sonolenta.Os gaiatos mandingascorrem brincandona terra poeirentaenquanto euolhando ao longosem nada vervejo tudoe sem ser alguémsou tudo também.Sou a sombra cerradade gente distante;sou a imagem desfocadade um povo errante;sou raspa de livrospó de secretárias; sou manejo fácil de tirana ditadura;sou bode espiatóriode homens de má catadura;sou coisa transportadacambiadaempurrada,sou coisa encurralada em trilhos africanos;sou cobaia de políticas;sou verme miserandoque ministros desapiedadospérfidos e corruptospisam de quando em quandoe simultraneamente vão mascandoas pontas dos seus charutos. (Guiné, 15/02/72)
A TI, VELHO LAVRADOR
Carreavashá poucoestrume,suadoevelhomas eras tubem te vi cansado caído no negrume do teu viver.Chegaste a casa moído, mais velho mais esfomeadoe o almoço por fazer.
Chorei na tua cara queimada por sóis de estio e noites mal dormidas.
Carreavashá poucoestrume,suadoevelhomas eras tuhomem impagávellavrador solitárioem leirinhas soltas com muros e portas, estreitas e tortasmas tuas.
Tuestás velho,mas outros,como tu,um diaserãohomens indispensáveis fundamentais à naçãoporque juntosfarão das leiras uma associação.
Hão-deentãorecordar-te carreando estrume rasgando a leiva.Numa estátua de beleza e artedirãoque foste tu a seiva e o estrumeda sua associação. (Meadela, 13/5/76)