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<P> </P> <P style="TEXT-ALIGN: justify"><SPAN style="FONT-SIZE: 10pt; FONT-FAMILY: Verdana">"Ensaio Literário" é uma pequena colectânea de poemas - dezasseis poemas. Este inicia-se com uma dedicatória, que perspectiva o futuro: "Para todas as Crianças/ Homens de amanhã". A maior parte dos poemas é acompanhado de gravuras ilustrativas do tema tratado.<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /><o:p></o:p></SPAN></P> <P style="TEXT-ALIGN: justify"><SPAN style="FONT-SIZE: 10pt; FONT-FAMILY: Verdana">Os poemas são antecedidos de epígrafes que remetem para o tema dos poemas. A primeira epígrafe - "Coisa mais pura não há/No mundo que nos rodeia/Aos homens uma lição dá/ e o seu amor é como uma teia" -, como uma espécie de adivinha aponta para a criança como tema geral desta pequena parte. Os poemas são, ao mesmo tempo, perpassados por temas mais interventivos socialmente. <o:p></o:p></SPAN></P> <P style="TEXT-ALIGN: justify"><SPAN style="FONT-SIZE: 10pt; FONT-FAMILY: Verdana">A segunda epígrafe - "Finges não ver a verdade/Mas a culpa não é só tua/É de toda esta sociedade/Que anda a brincar na rua" - remete para temas mais reivindicativos e socais, como é o caso de "1º de Maio 82" que compara a voz do operário com o "Inverno agreste" e o "metralhar de uma guerra".<o:p></o:p></SPAN></P> <P style="TEXT-ALIGN: justify"><SPAN style="FONT-SIZE: 10pt; FONT-FAMILY: Verdana"> A terceira e quarta partes, apenas compostas por um poema cada intitulados “Camões” e “A Vinicius de Moraes”, são antecedidas por excertos dos próprios poetas. No caso de Camões, surgem a primeira quadra e o último terceto do soneto "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades," Parece que o poeta faz uma retrospectiva da história de Portugal, em tom de lamúria, pois "Simulam patriotismo, rancor dos privados, /Para amordaçar, tudo o que há de mais pobre.". No segundo caso, a epígrafe é um poema de Vinicius de Moraes, que também dá nome ao poema. Neste poema exalta-se a figura que foi este poeta: "Foste a voz activa de um povo,".<o:p></o:p></SPAN></P> <P style="TEXT-ALIGN: justify"><SPAN style="FONT-SIZE: 10pt; FONT-FAMILY: Verdana">A última parte é antecedida pela epígrafe "Não peço aquilo que não me podes dar/E tu envolves a verdade nas trevas/Chorarei, nem que disso me venhas a chamar/Porque longas foram as minhas esperas". Termina de forma irónica com o poema "Feliz Ano Novo", apesar de novo ano "Peças viciadas são colocadas, /No tabuleiro da desgraça/Recalcam velhos lugares, De novo se juntam aos pares,". Ainda se faz um apelo final para que haja um ano novo:"Quando de longe espreitar, /A virtude de um povo.../Então, viveremos a razão; /Lutaremos pelo pão; /E teremos o Ano Novo!".<o:p></o:p></SPAN></P> <P> <P> </P> <P> </P> <P> </P> <P> </P> <P> </P> <P> </P> <P> </P> <P></P>
No texto digital temos a obra completa:
Texto Digital ou Excertos:
<P> </P> <P><SPAN style="FONT-SIZE: 10pt; FONT-FAMILY: Verdana">1º de Maio de 82<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /><o:p></o:p></SPAN></P> <P><SPAN style="FONT-SIZE: 10pt; FONT-FAMILY: Verdana">Tal como no Inverno agreste...<BR>Tal como no metralhar de uma guerra!<BR>A voz de um operário <?xml:namespace prefix = st1 ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" /><st1:PersonName w:st="on" ProductID="em luta,Foi">em luta,<BR>Foi</st1:PersonName> agourar-se na disputa,<BR>Do chão... de sua terra.<BR>Marcado por cinquenta anos!<BR>Viveu algemado, <st1:PersonName w:st="on" ProductID="em penitência...Seu">em penitência...<BR>Seu</st1:PersonName> dia foi ignorado,<BR>Seu lema explorado,<BR>Na rouquidão de uma inocência...<BR>Abril, símbolo de um povo liberto<BR>No despertar pelo Maio libertador.<BR>Pelas algemas, pela tortura,<BR>Lutaremos contra a clausura...<BR>Gritaremos contra o explorador.<BR>Polícia de intervenção... Assassinos!<BR>Quiseram calar a voz do trabalho.<BR>Mas, no agitar das nossas bandeiras, <BR>Cerraremos fortes fileiras,<BR>Contra o pestilento e falso agasalho.<BR>Pedro Vieira, Mário Gonçalves... Assassinados!<BR>Sangue derramado na cidade Invicta.<BR>Velhos, mulheres, crianças espancadas,<BR>Olhares indignados... faces ensanguentadas,<BR>Choram, gritam... FASCISTA!<o:p></o:p></SPAN></P> <P><SPAN style="FONT-SIZE: 10pt; FONT-FAMILY: Verdana">Um dia, quando ignorado...<BR>O 1º dia de Maio será vingado!<o:p></o:p></SPAN></P> <P><SPAN style="FONT-SIZE: 10pt; FONT-FAMILY: Verdana"> <o:p></o:p></SPAN></P> <P><SPAN style="FONT-SIZE: 10pt; FONT-FAMILY: Verdana"> <o:p></o:p></SPAN></P> <P><SPAN style="FONT-SIZE: 10pt; FONT-FAMILY: Verdana">A Vinicius de Moraes<o:p></o:p></SPAN></P> <P><SPAN style="FONT-SIZE: 10pt; FONT-FAMILY: Verdana">Teu corpo resplandece entre os poetas!<BR>Tua memória jamais será esquecida,<BR>Viveste o canto, dogma dos inspirados,<BR>Que no contacto e dor de todos os amados<BR>Tua força, viste desfalecida.<BR>Tuas musas por ti choraram!<BR>Mais alto chora o desterrado,<BR>Dos poemas à Pátria... viva memória,<BR>Tocam as harpas, hinos de glória,<BR>Como se fosses santificado.<BR>As baianas recordam o forte gemido!<BR>Das palavras doces... inspiração pura,<BR>Teus olhos na fé, agora fechados,<BR>Permanecem serenos, muito encovados,<BR>Devido à morte... rude clausura.<BR>Os poetas de uma só Pátria!<BR>Reconhecem em ti forte clareira,<BR>Serás a chama, luz da inspiração,<BR>Que no invisível reino da consolação,<BR>Fulmina toda uma bebedeira.<BR>Bêbados são os incrédulos!<BR>Não acreditando na poesia.<BR>Vivem ignorando a beleza,<BR>Procuram no rancor, toda a tristeza,<BR>Quando existe uma palavra... "alegria".<BR>Vinicius de Moraes... homem sem pátria!<BR>Rever-te, será imortalizar um poeta,<BR>Nunca o esquecido, virá no tempo,<BR>Vivo, está todo o pensamento;<BR>Mais forte que a razão de um profeta.<BR>Em vida cantaste o amor!<BR>Foste a voz activa de um povo,<BR>Palmeiras, samba e carnaval,<BR>Rio, Baía, Amazonas e marginal,<BR>Acreditam que viverás de novo.<o:p></o:p></SPAN></P> <P> </P>
Prefácio:
Badanas:
Contra Capa:
Capa: