NOSSAS PALAVRAS
Ó verbo que desces da árvore
Ampara este olhar se te merece.
Protege-nos dessa doença
De animal domesticado;
Faz que a chama volte a brilhar
Do fundo de nosso olhar;
Levanta nossa sede de modernidade,
Não contra o corpo de saber a sua alma;
Mas contra tudo o que definha na cidade.
Ao encetarmos o exórdio, abalançamo-nos ao leme e à letra de Amândio Sousa Dantas. E ponderamos, destarte: certamente, o homem que cultiva as artes liberais, com a palavra e o palato, há-de ser, tem de ser, merece ser, o paladino e campião da Liberdade. Mas perguntará, agora, o denodado e estreme leitor: qual a substância, ou melhor, qual o fundamento e a raíz, dessa mesma Liberdade?
A sinalização, ou, por vocábulos amáveis, o signo e o sinal, aparecem, lautos e leves, no primeiro poema. Sousa Dantas invoca o seu Verbo com a coragem do letrado, e na cor e na esperança dos grandes Poetas. Ao Logos pede ele: "Protege-me dessa doença/ De animal domesticado", e mais adiante se coloca e desloca, afinal, "contra tudo o que definha na cidade".
Pelo espírito das coisas
Deixa o poema em sossego;
Leva o corpo ao sabor da existência, Nunca ofereças tua face à inutilidade, Defende-te pelo som da cascata Abre os pulmões à vida sê a montanha e o vale;
-Essa é a realidade de todas as metáforas.