Com o subtítulo "Sonhos e lutas de Viana, nos últimos cinco decénios", Farol do Bugio é constituído por quatro capítulos correspondentes às décadas de 50, 60, 70 e 80, que incluem artigos publicados na imprensa regional.
"Chamo-me FAROL DO BUGIO. Nasci, há relativamente poucos anos, nas colunas deste jornal. Fui baptizado, com águas meio salgadas, à entrada da barra. Meus progenitores são o Farol e a torre do Bugio. De meu pai herdei a luz de farol; de minha mãe, ficou-me a desvelada solicitude do bugio. Meus ilustres antepassados foram varões de linhagem aristocrática, muito ligados ao empório comercial de Viana quinhentista. Hoje...são fidalgos, de casa arruinada."
Nos anos de 50 a 90, publiquei, em vários jornais da região, diversas crónicas sociais. Usei vários títulos, mormente o de FAROL DO BUGIO, e utilizei, além do nome próprio, o pseudónimo Carlos Miguel. Naquelas crónicas, procurei espelhar os sonhos e as lutas das gentes de Viana, em prol do desenvolvimento da cidade e da região. Em alguns casos, conseguiu-se o objectivo; noutros, foi uma amarga ilusão. Contudo, essas crónicas ficam a retratar aos vindouros a história das reivindicações vianesas, nestes últimos cinco decénios. A criação da Diocese, o porto de mar e a nova ponte, Santa Luzia e o Cabedelo, ruas, trânsito e monumentos, o novo hospital e o ensino superior, a indústria e o turismo, o comércio e a agricultura, a emigração e o investimento, e tantas outras coisas, como, até, devaneios poéticos e literários, foram temas de desenvolvimento que, por vezes sem conta, mereceram destaque nas referidas colunas. Hoje em dia, qualquer investigador consciente não poderá deixar de as consultar sempre que queira conhecer a história da luta de Viana, em ordem à sua promoção social, no contexto das regiões continentais. Cedo chegará à conclusão que, aqui em Viana, são precisas sempre dezenas de anos, para serem solucionadas quaisquer das suas grandes aspirações. Por um lado, é o preço da distância geo-social que a separa do Terreiro do Paço; por outro lado, é a contestação da falta de peso político dos seus legitimados representantes. As crónicas são apresentadas, por ordem cronológica. Ficam, assim, melhor situadas no tempo e no espaço. No final, far-se-á um índice de textos afins, para facilidade de manejo. Naturalmente, se verificará que estas crónicas têm um cunho muito pessoal. Utiliza-se a frase curta, poupam-se redundâncias palavrosas ou enfastiadas e recorre-se imenso à linguagem do parágrafo, das recticências e das entrelinhas. Nunca gostei de conduzir o leitor; prefiro, antes, vê-lo discorrer.