«CÁ ´STÁ ELA!...
A grande e a pequenina»!...
O «Aletria» é a figura central deste conto. No baptismo pediu emprestado ao pobrezinho de Assis o nome de Francisco; mais tarde, como se mal baptizado houvera sido e criticando o gosto pronunciado que o Francisco tinha por massas alimentícias, o povo baptizara-o, novamente, com a alcunha de «Aletria».
(...)
A PRIMEIRA CAVALGADA
O abade de Jolda era um jovem de vinte e três anos. Ainda mal tinha acabado o curso e já o Arcebispo de Braga, que naquela altura tinha jurisdição em todo o Minho, lhe enviara a carta de nomeação para pastorear aquela freguesia do concelho de Arcos de Valdevez. Estava-se em Outubro de 1952, quando, ao cair da tarde, o jovem pastor chegou àquela paróquia.
CRUZAMENTO DE DESTINOS
Trrim!...trrim!...está lá? Está?
-Estou. -Quem fala? É..
Nota de Abertura
O Alto-Minho é, simultaneamente, uma zona de pronunciado analfabetismo e um grande espaço cultural.
Se apenas considerarmos os conhecimentos adquiridos na escola, sem dúvida, que a ampulheta valorativa da cultura do alto-minhoto não ultrapassa a média; todavia, se analisarmos a cultura ministrada pela família, pela religião, pelos usos e costumes duma singular maneira de ser na vida, cedo chegaremos à conclusão que estamos perante uma cultura popular de excepcional envergadura.
O que a escola lhe não deu foi o alto-minhoto buscá-lo a outras zonas de influência.
A atestar isto encontramos um folclore de nível mundial, uma etnografia rica e diversificada, uma culinária doce e gostosa e um cancioneiro vastíssimo, cheio de melodias e versos populares, que qualquer musicólogo ou vate po´ético de nomeada não desdenharia subscrever.
Além disso, as lendas e tradições, os provérbios e os contos povoam o imaginário popular, por tudo quanto é sítio.
É de contos populares que trata este livro.
São contos fundamentados na vida rural, mas a que se lhes acrescentou alguma criatividade, de forma a torná-los mais atraentes e comunicativos.
Em muitos deles aparece, como não podia deixar de ser, o fenómeno religioso, que teve um impacto pronunciado na maneira de ser desta gente.
Mas o que mais nos seduz e empolga é a arte, a criatividade e o humor deste povo do norte de Portugal, que cria cenários, improvisa situações e desenvolve cenas da arte da Talma, sem ensaios, nem contra-pontos.
Carlindo Vieira