MORANGA é um livrinho com 33 poemas, sem título, numerados precisamente de 1 a 33, que nos falam do amor e do fazer poético.
Do primeiro, o autor diz que nos dá a verdade.
Sempre que fala de amor, Geraldo Tavares dirige-se à mulher a quem dedica o livro, à “ moranga, sentada na cadeira grave / da sala de estar”. À MORANGA que o enfeitiçou pois “ela veio e a vida ficou melhor”, que o amor é mesmo um de repente e “ para quem ama / não é inútil nada” .
A MORANGA é pois uma omnipresença e até “ A pastelaria monótona, fumarenta / cheia de gente fútil, elegante, / perde seu ar, seu torpor constante, / se Ela a meu lado se compõe e senta”.
A propósito do fazer poético o poeta espera que “ seja simples meu verso como o meu amor:/ a frase não vá / além do dia a dia, / que aí, julgo eu, / está a poesia”. A poesia é a sua circunstância, o seu dia-a-dia, a vida:
“Vida! Quero vida a borbulhar nos versos!Não mais palavras gastas, imprecisas:Venham as coisas concretas, precisas,Os termos sãos, os sentimentos tersos!”
1
Esta paisagem calma de entre nós,este ar de família do nosso encontro enfim,há-de ser um poema,pois o sinto em mim,há-de ser um poema,pois é a verdadeque a vida nos dá.
4
Eu encontrei a minha madrugada:sou como nuvem que vem da manhãe encontra o sol:eu encontrei o amor.
A nuvem ficou clara, irradiou mil cores:o amor espalhou em mim a sua poesia.Sou como nuvem que vem da manhã…
17
Para quem amanão é inútil nada:seguir nosso destino é descobriro amor que há muito tempo vivia em nós:parar não é mais do que sentirque no mundo estamos sós.Eu encontrei a força que me levae transformei em luz a própria treva.