Nos vinte e seis poemas da presente obra se espelham as temáticas que no quotidiano assaltam o seu autor. Reflectem momentos passados em palco de guerra, situações de angústia, memórias da luta pela democracia e o desalento quanto ao que o futuro reservará.
FÁBULA MODERNA
Virtuosa vivia Viana no seu castelo,Rainha de um povo, vielas e ruas.Paraíso celeste, cenário entre flores,Alegria e cor, turismo para senhores,Esquecendo o canto das amarguras.
CAMALEÃO
Era tempo das secas e queimadas!Terra batida, virgem, sem regar...Marcado pelo castanho da poeira,Das brechas faziam ratoeira,Dos ideais por lavrar.
Assim era o camaleão envergonhado:Verde, quando se proporcionavam belas caçadas;Amarelo, no tórrido do deserto;Vermelho, no luminar das queimadas;Preto, quando nativo por perto.Usavam dos vários recursos naturaisPara à face da lei animal sobreviverem...Pintavam-se das várias cores,Vestiam-se como senhores,Mesmo sem as mesmas conhecerem.Suas línguas compridas, brilhavam na caça!Insectos indefesos, eram o seu triturar.Quando ceifados pela maldade,Pregavam na cor toda a verdade,Suspirando na ilusão de enganar.
Naquele dia tinha feito uma morte!Chorei ao vê-lo preto, enrolado no pneu...Pensei na eventual destruição,Só que na minha ilusão,O camaleão não morreu.
E de facto, dali a um ano...Outro camaleão lá estava.Era o ciclo natural Deste famoso animalQue ao homem completava.
Introdução
Apresentar "Desnublar" (Poesia) não é tarefa fácil. Não digo o mesmo a propósito do autor, o jovem Porfírio Pereira da Silva.
O leitor tem entre as mãos um livro de poesia que vai ler e reler com muito apreço e, certamente, vai entrar no âmago do seu autor.
Conheço o Porfírio. É meu conterrâneo. É de Mazarefes e admiro-o, sobretudo, pela dedicação ao torrão natal e como lhe ouvi dizer, é um jovem que não lhe interessa a vida para "cantar aos passarinhos".
A poesia demonstra isso mesmo e, nele realça aquilo que,para ele, como verdade o revolta. O leitor atento vai verificar isso mesmo.
Servem-lhe de tema os mais variados aspectos da vida.
É já a segunda publicação do Porfírio.
Parabéns! Oxalá obtenha os melhores êxitos na carreira literária iniciada, como diz, aos 13 anos.
Padre Artur Coutinho