Este ensaio apresenta-se dividido em duas partes: uma primeira dedicada aos préstamos em geral; uma segunda sobre as características e limitações do Prestomado de Valdevez.
Este trabalho integra-se na área de estudos das instituições religiosas medievais, procurando enquadrar o aparecimento e desenvolvimento do Prestomado de Valdevez no contexto histórico, geográfico e humano envolvente.
"O Prestomado de Valdevez, que é anterior ao século XIV, é essencialmente um préstamo eclesiástico, isto é, um cargo de administração e pastoral, com remuneração anexa e exercido em território determinado, qual era a terra e julgado de Valdevez, que fazia parte da Comarca Eclesiástica de Entre Lima e Minho.
A sua singularidade vem-lhe do facto de não andar anexado a dignidades capitulares, como acontecia com outros préstamos que conhecemos.
Não era uma única instituição dentro do território da antiga diocese de Tui. De facto, conhecem-se mais dois prestomados. O prestomado de Minor, que a certa altura se transformou em arcediagado, e o prestomado de Valadares, que abrangia o actual concelho de Melgaço e parte do de Monção. Este último foi criado em 1383 pelo bispo de Tui D. João de Castro e anexado ao Tesourado do Cabido daquela cidade, transitando mais tarde, com a mesma designação, para a Colegiada de Valença, logo que esta foi criada por D. João Garcia Manrique, bispo da Comarca, nos finais do séc. XIV.
A história do Prestomado de Valdevez é difícil de fazer devido à raridade e dispersão da documentação." (pág. 15)