"A classe mercantil de quinhentos estava longe de constituir um grupo homogéneo e uniforme. Ao lado do mercador propriamente dito aparece o mareante-mercador, o mestre-mercador, o piloto-mercador, o mester-mercador, o simples popular. Os primeiros distinguiam-se dos demais pela exclusividade profissional, maior volume de negócios praticados, recurso à venda de "atomados" e envio de "levadas" para as Ilhas atlânticas. Integravam redes extensas de parceiros e procuradores. Eis alguns exemplos frisantes da praça de Viana. António Fernandes, muito relacionado com o grupo de cristãos-novos que frequentavam o porto de Caminha, despachou, em 1519, na alfândega desta Vila, cerca de 1 conto de reais em fazendas, o que o colocava em lugar cimeiro a nível nacional. Outro cristão-novo de Viana de nome Fernão Dias, no mesmo ano, importou grande quantidade de panos variados cujo montante ultrapassou as três centenas e meia de milhar de rs. Muitas das fazendas foram levadas para a Madeira e Açores. Os restantes vendidos na loja que possuía na Rua Grande, em Viana do Castelo. Gomes da Rocha, igualmente de Viana, adquiriu em Fevereiro do dito ano, 16 peças de Londres. Em Maio e Julho carregou para a Madeira 15 meias peças de Londres, 7 peças de guardalete e 5 peças de Hul." (p. 128)