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DEDICATÓRIAS Para o meu marido e minha filha, Preciosos cristais na minha vida, Todos os meus silêncios, Todas as minhas palavras. Aos meus pais, irmãs, amigos E à família maravilhosa que O destino me reservou. PREFÁCIO Silêncios de Cristal, transporta-nos a brisa suave do amanhecer e com ele o misterioso toque do tilintar cristalino das palavras provindas da Fonte iluminada da Alma. E é contactando e conhecendo internamente este que tomamos consciência de tudo o que na vida é realmente importante e significativo – O AMOR! É por acreditar na força do Amor que a autora escreve. Na busca desse poder renovador e transformador dá-se o encontro com a Poesia. Encontramo-nos no Mundo das palavras onde as paisagens são de sonho, inspiradoras de sentimentos profundos. É partilhando das suas experiências que o ser humano vê preenchidos os espaços vazios da existência, encontrando razões para continuar a amar. Silêncios de Cristal abre-se para nós como um mágico mundo onde a esperança se vestiu de Poetisa para nos receber. Essa figura feminina que nos abre o coração de par em par, vai-nos assinalando o caminho através dos jardins adornados por palavras floridas, cuja fragrância deixa em nós a origem da sua essência. Aqui,… “os SILÊNCIOS … SÃO DE CRISTAL.” BEM-VINDOS Virgínia Manuela Ramos PENSAMENTOS I Procuremos somente a beleza, Pois a vida é um punhado infantil De areia ressequida… Um som de água ou de bronze E uma sombra que passa… II A alma humana é uma chama, Um pássaro de fogo, Que salta, de ramo em ramo, Gritando: Não posso permanecer imóvel, Tenho que arder! Nikos Kazantzakis III Havia em mim um muro alto, Espesso, medonho… Até que um dia decidi amar… E então, como por encanto, O muro deixou o sol entrar. IV Vivo aqui e agora… Algures…, Não importa onde ou em que tempo, Ou até mesmo se sou criança…, Homem ou mulher. Gottfried Berron V Surge inesperadamente Pode tocar o sol Ou as aves durante o voo. Deambula por caminhos e atalhos. Como é lindo quando acontece o amor! Hsi K’ang VI Não é decerto razoável afirmar Que temos a vida toda para viver. O tempo é todo feito no presente, Amanhã podemos querê-lo e já não o ter. VII Há na música do tempo Um som distante, Suave, angélico, divino…, Que diz, pausadamente, No silêncio…, Onde está a vida, A verdade E o caminho… ANTÍTESE Simbolicamente Amando sem amar… Dizer-te sem dizer Falando sem falar. Eu quero, sem querer Pensando… Eu sonho com poesia Vivendo… O que eu quero é viver Sentindo… Continuar a escrever Sonhando! CONSTANTE PROCURA No eco da saudade Me procuro Porque me sinto perdida, Incompleta. Neste vazio que me engole… Sinto estar de passagem Evoluindo para avançar. Estou aqui. Procurando-me Nesta viagem eterna Que parece não terminar. Porquê este sentimento De que estou fragmentada? Aumentando a ansiedade De me encontrar… De me sentir completa E realizada… CONTRADIÇÕES Sinto o que não sinto Sem saber o que sentir Digo e ao dizer Falo verdade a mentir… Faço o que não faço Sem saber o que fazer Penso sem pensar Sem vida no meu viver… Sofro e ao sofrer O princípio se torna o fim Encontro-me quando me perco No labirinto dentro de mim… SENTIDO PARA EXISTIR Existem estradas que eu queria correr, Muros que queria saltar ou mesmo derrubar, Nuvens e estrelas que eu queria subir!... Alcançar apenas este sentido Desta vida e existência. Compreender mais que não seja… A minha própria vivência!... Querer amarrar tudo o que foge Controlar por inteiro a situação Querer por desespero fazer algo Que possa estabilizar meu coração. MEDO Vivo entre rumores não ouvidos Que me sacodem nesta incerteza. Caminho e corro… fico parada, Sou pedra de uma floresta. É o medo… atormenta-me…, perde-me Neste sentimento que enalteço. Pois este amor que em mim mora É total, supremo e sem preço! Quero fugir, e quero ficar Até o próprio medo enfrentarei, Quero responder e perguntar Afirmando que nunca desistirei. CHORANDO Chorando dentro de mim Uma lágrima secou, Numa alma que fugiu Num coração que parou… Perdida num sentimento Que me faz sentir ninguém Ansiando por atenção Esperando por alguém… Porque me sufoca esta lágrima Que teima em não aparecer Vive em meu olhos e me queima Não me deixando esquecer… UMA PONTE Na linha do horizonte Como uma aliança Como uma ponte Minha alma Paira no ar… Sendo planície No meio do monte Querendo unir Querendo abraçar Estou eu Entre a terra e o mar. UM OLHAR Perdi-me na imensidão De um mundo que desconheço De um olhar que tanto diz Que me fala sem palavras E de o ouvir enlouqueço… Esforço-me para analisar, Para conseguir compreender O alfabeto do teu olhar, O que nele queres mostrar E aquilo que eu quero ver… SEGREDO Sentimentos que me preenchem Mistérios por desvendar Estrelas que me confiam Um segredo para não contar. Guardo um pedacinho de céu E um raio de sol para me aquecer Entrego-me ao luar da noite Lua-de-mel com o entardecer… Em sintonia com os astros Deixo a minha alma vaguear Encontrando a sua origem Não deixando de caminhar… DESTINO Gota de água Que vais caindo Para onde vais Para onde caminhas? Melancólica viagem Grande procura. Gota de água Que vais caindo O que te falta Para onde pingas? Gota de água Que vais caindo Procuras o oceano Sempre a chorar. Mágica gota O que precisas Para cresceres Para seres mar?... UM LUGAR Existe algures um lugar Onde sonho e fantasia, De mãos dadas em harmonia São segredos para guardar. Aconchegando o encanto Da ternura dos sentidos, No limbo da nostalgia Nas asas da utopia, Há palavras para criar. Há sonhos e fantasia Que moram no mesmo lugar. INCERTEZAS Quando paro a pensar Sinto uma certeza incerta Que não me deixa acreditar Nesta vida desperta. Sinto meu coração sufocar Não sabendo para onde ir Na melancólica procura De um caminho para seguir… Tenho medo de voar Medo até do próprio medo Mas viajo neste pensar E envolvida neste enredo!... ESPERANÇA Sinto a esperança… insaciável. Esperança de partilhar o futuro; Futuro que me ofereça Um leve arco-íris colorido Deixando-me fascinada E adormecida no irreal… Embalada por uma canção Viajo perdida nos raios do sonho… E caminho confiante Esperando o renascer de um novo sol… FOGO Fogo frio Moras em mim; Como tens tanto poder? Fogo frio que não aqueces; O que tens para dizer? Frio fogo Que não gelas Nunca te deixarei vencer! SEM SUL, SEM NORTE Como rio apressado Partiste; Nada disseste. Morrendo de tanta saudade Meu coração não respira. Como barco descontrolado Sem bússola na minha vida. Parada sem Sul sem Norte No jogo da minha sorte Desististe. Nas margens estou, perdida. MÃOS PERFEITAS Mãos que me acarinham Que me mimam Sempre prontas Para me acolher… Mãos que me amparam Que me embalam Com seu jeito Me ajudam a crescer… Sempre presentes Mãos tão perfeitas Com tanto amor… São as mãos de minha mãe Que me dão colo, Que me protegem Tanto do frio como do calor. UM ABRAÇO Que serenidade Que aconchego, Encontro no teu abraço Na tua amizade. Repousando em teu perfume Neste preciosos sossego Que doce sensibilidade. Abraças-me como uma flor E com teu jeito e calor Sou jardim da felicidade. ALMA GÉMEA Sem gestos Sem palavras Nenhuma atitude Para decifrar… Num momento de magia Alma gémea em sintonia Compreendo-te Apenas no olhar… NATAL Espera-se… e ele chega! Paira no ar a alegria e a ansiedade Doces, prendas, presépio… Natal! Tocam os sinos e há gente à porta. Telefones que tocam, cartas que chegam. A mesa… essa tem de ser aumentada! Os corações pulam e esperam Aqueles que tanto amam. Estão longe e tão perto ao mesmo tempo! Rezam por uma boa viagem, Pedem ao menino que nasce… e agradecem Por deixar “nascer” mais um encontro, Por tornar possível Mais um abraço que dará força… Aquela certeza e força Para esperar outro Natal! SOU EU Querer escrever É dar-me em cada linha. Em cada palavra Um pouco de mim deixo ficar… Entrego-me em cada frase E em cada frase renasce O mistério de me dar… Como posso sentir tanto E ao mesmo tempo, tão pouco Ficando sempre o encanto Dando vida às minhas palavras Onde eu sempre vou estar. UM MOMENTO A beleza misteriosa Do pôr-do-sol Encanta-me. Oferece-me a viagem A um conto de fadas; Sinto-me leve… Tão leve que me identifico Com o próprio ar. Só existe este momento Pois todo o momento É mágico quando se ama; Só existe o agora Que será eterno Até terminar…
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APRESENTAÇÃO GLOBAL A obra é iniciada com duas dedicatórias, uma ao marido e filha da autora, outra a toda a família e amigos, com menção especial aos pais e irmãs. Segue-se um prefácio, da autoria da poetisa vianense Virgínia Manuela Ramos. Segundo esta poetisa, Silêncios de Cristal comporta um conjunto de poemas em que a palavra provém da mais pura inspiração, inspiração esta movida pela força do Amor e das experiências de vida. O corpo da obra propriamente dito engloba quarenta e sete textos poéticos em verso, separados por sete pensamentos, alguns da autoria de Paula Rolo e outros de Nikos Kazantzatis, Gottfried Berron e Hsi K’ang. Antes do epílogo, em prosa, da autoria de Paula Rolo, surgem as duas primeiras quadras do soneto de Florbela Espanca “Até agora eu não me conhecia”. Ilustram a obra cinco desenhos da autoria de Susana Rolo, irmã da autora. LINHAS TEMÁTICAS Perpassam Silêncios de Cristal essencialmente duas linhas temáticas que, por vezes, se entrecruzam: § A Busca/A Procura de algo § O Amor A Busca/A Procura de algo Logo no poema de abertura, e depois, disseminados ao longo da obra, o leitor depara-se com a busca da essência das palavras que se encontra no local mais profundo da criação poética. É só descendo até esse local, onde, entre o silêncio, se encontra a palavra certa, que a poetisa é capaz de exprimir o seu pensamento, o seu eu (poemas “Silêncio”, “Antítese”, “Escrevendo”, “Dizer o indizível”). Ao longo da obra, esta busca inicial expande-se e passa a englobar o próprio eu (“Majestosa”, “Um vazio”, “Reconheci-me” “Onde estou”, “Desilusão”, “Constante procura”) e as contradições nele existentes (“Contradições”), a vida e a razão de viver (“Sentido para existir”, “Minha vida”, “Desespero”, “Cíclico”), a verdade/realidade (“Medo”). Caminhando em direcção à totalidade, surge-nos a procura/busca do amor puro e verdadeiro, que a autora espera encontrar algures (“Chorando”, “Para onde vais coração”, “Meu Sol”, “Horizontes”, “Espero por ti”), da plenitude, do infinito, do inalcançável (“Sonho”, “Selvagem, domesticado” “Eternidade”, “Uma ponte”, “Coração aberto”) da compreensão (“Um olhar”), das origens do universo, da vida, dos sentimentos que avassalam o ser (“Segredo”), do destino e da finalidade da vida (“Destino”, “Aurora”), de um lugar – o lugar ideal, o único onde a plenitude se concretizará (“Um lugar”). Por vezes, esse desejo de busca e de atingir a plenitude surge entrecortado por momentos de medo, de pessimismo, de desilusão (“Incertezas”), logo anulados pela presença da esperança em algo melhor, trazido por um futuro ainda incógnito (“Esperança”, “Anjo da Guarda”) ou por outros em que a capacidade da poetisa para vencer todas as adversidades parece dominar (“Fogo”). Se ao longo de Silêncios de Cristal Paula Rolo, na sua busca, vagueia por múltiplos espaços, desde o espaço sideral infinito até outro também infinito e que se encontra no cerne do seu ser, termina desistindo de procurar tudo aquilo por que luta: a palavra, a vida, o amor… A poetisa sente-se abandonada, só, sem destino, sem algo que a mova a continuar (“Sem Sul, sem Norte”). O Amor A linha temática do amor, que se entrecruza com a precedente e como que a tempera, engloba poemas dedicados à filha e à mãe (“Minha filha…” “Mãos perfeitas”), ao valor da amizade e do amor (“Um abraço”), à força protectora e redentora do amor (“Verbo amar”, “Alma Gémea”). Ainda nesta linha temática se pode enquadrar um poema que surge dedicado à época do ano em que os mais belos sentimentos predominam: o Natal (“Natal!”) A escrita como espelho do sujeito poético Há ainda outros textos poéticos em que a escrita nos aparece como o espelho do eu (“Sou eu”) ou como identificação com o momento que se vive (“Um momento”).
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