António AMONTE  
 

 

No começo, era o nada.


Depois, disseram-me que tinha nascido a 5 de Setembro do Ano da Graça do Senhor de 1978, em Viana do Castelo. Jovem e ingénuo, acreditei.


Nessa cidade passei a primeira parte da minha primeira infância, em saudável e protegido idílio. Desde cedo senti uma premente e, porque não dizê-lo, algo inusitada necessidade de transformar coisas em versos. Sem grandes motivos nem preocupações; talvez apenas pela agradável sensação de brincar com os limites das palavras e da imaginação.


Mas quis mais. Aos dezoito anos mal contados, aproveitei uma nortada mais forte e voei para Coimbra (facto difícil de comprovar), onde estudei Direito (facto completamente impossível de comprovar).


Entretanto, lembrei-me de reunir os poemas que mais falavam a quem os tinha escrito. E talvez por já não mais os poder ouvir, que até um poeta precisa de férias, publiquei-os. Foi, acima de tudo, um excelente motivo para reunir artistas e conhecer pessoas.


A calendas tantas, conheci um e outro artista, este de letras, aquele plástico, e dei por mim em projectos de estranhas naturezas, a fazer instalações e coisas que tais.


E é neste ponto que me encontro: assim como que a meio caminho entre uma segunda e uma terceira partes de uma primeira infância que, me parece enquanto escrevo, nunca mais vai acabar.


Ah, é verdade: e já tenho outro livro de poemas para publicar...